Quem possuo?
A dor
sempre presente
e esse não é um privilégio só.
Ela,
ela sobra.
terça-feira, 17 de maio de 2016
sexta-feira, 13 de maio de 2016
Onirismo
Apresento-lhes o conto (cujo argumento tirei de uma de minhas postagens aqui feitas) que ficou em terceiro lugar no Concurso Literário da Semana de Letras da UFPR, nesse ano de 2016:
Ultimamente tenho sonhado com assiduidade, sonhos pontuais e anacrônicos. Desconheço a razão, nunca raciocinei sobre, afinal, ninguém no fim das contas sabe. Há inumeráveis palpites, sempre há, fascinados que somos pelo constante palpitar, por dentro e por fora. Voltei a sonhar com frequência nos últimos tempos, entre 2014 e 2015. Isso, quem sabe(?), ocorra por conta das sensações novas que venho experimentando ou pelos meus hábitos de leituras, significativamente intensificados num recente período de ócio. Ah, o ócio. Leio Os Irmãos Karamázov. Escrevo. Quando escolho um livro para ler busco algo com o qual eu não tenha tido nenhum contato prévio. Minha formação acadêmica é um obstáculo para tanto, de certa forma, já que, mesmo que algumas das obras propostas para estudo não tivessem sido lidas eu era submetido à análises que destrinchavam a narrativa em toda sua singularidade (quando me interessava, caso contrário... não me interessava, era apenas negócio). O presente livro é algo do qual nunca ouvi/li nada. A mim só era familiar seu título e sua autori(dade)a. A ignorância quanto ao conteúdo narrado é instigante. Havia expectativa, entretanto. Seria algo que me tornaria um ser humano melhor e não fui frustrado nisso. Quão bem eu me convenço das verdades que se apresentam a mim? Cria. Encontro-me na página 363 da obra, que conta, em seus dois volumes, com 987 laudas ao menos na edição em questão, que não vem ao causo.
Ultimamente tenho sonhado com assiduidade, sonhos pontuais e anacrônicos. Desconheço a razão, nunca raciocinei sobre, afinal, ninguém no fim das contas sabe. Há inumeráveis palpites, sempre há, fascinados que somos pelo constante palpitar, por dentro e por fora. Voltei a sonhar com frequência nos últimos tempos, entre 2014 e 2015. Isso, quem sabe(?), ocorra por conta das sensações novas que venho experimentando ou pelos meus hábitos de leituras, significativamente intensificados num recente período de ócio. Ah, o ócio. Leio Os Irmãos Karamázov. Escrevo. Quando escolho um livro para ler busco algo com o qual eu não tenha tido nenhum contato prévio. Minha formação acadêmica é um obstáculo para tanto, de certa forma, já que, mesmo que algumas das obras propostas para estudo não tivessem sido lidas eu era submetido à análises que destrinchavam a narrativa em toda sua singularidade (quando me interessava, caso contrário... não me interessava, era apenas negócio). O presente livro é algo do qual nunca ouvi/li nada. A mim só era familiar seu título e sua autori(dade)a. A ignorância quanto ao conteúdo narrado é instigante. Havia expectativa, entretanto. Seria algo que me tornaria um ser humano melhor e não fui frustrado nisso. Quão bem eu me convenço das verdades que se apresentam a mim? Cria. Encontro-me na página 363 da obra, que conta, em seus dois volumes, com 987 laudas ao menos na edição em questão, que não vem ao causo.
Na noite de ontem, antes do sono,
aprofundei-me na obra, que discutia a relação do cristianismo com seu fazer
histórico. Isso foi feito em certo monólogo de uma das personagens. Fui
submetido, eu (escrevi "o leitor" e apaguei, sem academi[ci]smo aqui,
falo da minha experiência com a obra, como se fosse contemplável de modo
singular, não o faço? finjo [que sou meu próprio narrador]), a um turbilhão de
argumentos que ora colocavam a imagem de Cristo em xeque, ora desconstruíam a
imagem do papado medieval e da inquisição. Li sobre (a) maldade humana (e seu
profundo alcance), sobre como crianças, em sua inocência absoluta, sofre(ra)m
com abusos causados por vontades transtornadas. É uma narrativa a ser
continuada, lamentada quando do seu fim. Muito ainda está incompreendido, o
ente polissêmico é imprevisível e virulento, na obra e na vida.
Após dezenas de páginas (...) e os
habituais afazeres pré-sono encontro-me horizontalmente p(l)asm(ad)o.
Dá-se espaço. Toma-se fôlego. Não há
diferenças para que se possa julgar. O espaço
é tornado vago. O tempo dissolve o
que sobrou da luz.
Sonho (verbal e substantivamente, ao
mesmo tempo se nos permite). Eu, a profunda agonia de desconhecer absolutamente
o que tal pronome de fato representa/significa/implica/demanda/fere, mais dois
amigos e minha namorada <a.="" a="" acidentada=""
adentr="" adentro.="" adiante=""
agora="" ainda="" ajuda="" al=""
alegremente="" altura="" am=""
ambiente="" amigos.="" amos="" amplo=""
anda="" andar="" antes="" ao=""
ap="" aparentemente="" apenas=""
apertadas="" apesar="" apresentar=""
aproximadamente="" aproximarmos="" areia=""
as="" assemelhava="" assuntos="" at=""
baixa="" calmo="" caminho="" carro.=""
carro="" cen="" cinco="" cio.="" com=""
come="" como="" comunica="" conforme=""
constante="" constantemente="" continuar.=""
conversam="" conversamos="" correndo="" culminante=""
curiosidade="" da="" das="" de=""
desgovernada="" dificuldades="" dificultam=""
dirigido="" disso="" diversos="" do=""
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em="" encontrar.="" enferrujadas=""
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escorrega="" escorregava="" escurece=""
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estabelecer="" estamos="" estar=""
estreitar="" estreito="" eu=""
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muito="" mundo="" n="" na=""
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parecido="" parte="" passageiros=""
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pessoas="" pido="" plano="" poderia=""
pondo="" por="" praia.="" praia=""
presen="" presos.="" quando="" que=""
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rimos="" rio="" ruma="" rumamos=""
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seguindo="" segundo="" senti=""
sentia="" sentimento="" sentir=""
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superficial.="" surgiam="" surgido="" t=""
temeroso="" tenebroso="" tentava=""
ticas="" tirando="" todos.="" todos=""
tornava="" tornou="" transforma=""
tudo="" um="" uma="" vaga=""
vale="" vamos="" vel="" voltar=""
volume="" vou=""> Torre Negra, uma praia sem fim ao longo de toda a obra, mas aqui não era praia, a
praia era o início, o túnel era meu tormento. Acordo, penso, quando percebo que
não há mais volta, apesar de não ter passado por nenhum obstáculo que não
pudesse ser re(con)tornado. Eu iria além da grade e me prenderia lá dentro caso
não houvesse acord(ad)o.
Lorenzo Moya - Mujer Buho (2011)
Lorenzo Moya - Mujer Buho (2011)
Corpo
A claridade que passava pelas
janelas era excessiva. A luz, onda e partícula, era parte do todo, entretanto
era muito escuro naquele lugar. Se algo se movia era apenas em relação ao que
pairava num dos cantos escuros do cômodo. Que vazio! Sinto que todos os seres
viventes estão aqui. Há algo relacionado a isso que eu sei que não deveria
esquecer. Não poderia. O processo todo era permeado de excessos. Percebia-se a
garganta a arder, a pele irritada, os joelhos eram uma lástima. Impressionava
que houvesse, ainda, resiliência para outra tentativa, que, como de costume,
não seria a última. Doem. Minhas têmporas doem, se agora houver falha sinto que
tudo que acabou de me machucar terá sido um
vão. É por meio de um som, entre os poucos que lá são permitidos, que soube
que deveria tornar ao início. Eu abro meus braços, dou voz ao não dito, sinto
caminhar ao longo da minha própria pele. Líquida. Tornei tenro o movimento
último. De fora vê-se que o erro anterior agora era acerto. Suspensão. Ruídos
irrompem e violentam a mudez outrora impassível daquele lugar. Eu paro para
perceber que havia mais dor, mas agora era o fim. Estava a lente direcionada ao
corpo, que fluía de si para as pupilas que o devoravam.
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