segunda-feira, 19 de julho de 2010

Fluxo de pensamento em versos.

Sou o que fui e o que ainda nem sei.
Sou música, literatura e cinema.
Sou bons amigos, confiança e afeto.
Sou fruto de desapego,
razão de algumas mentiras.

Sou minha verdade e intuição,
um tanto de indecisão
e um tanto a mais de desespero.
Um pouco do que me cerca
e do que levo dentro de mim.

Sou minhas poucas virtudes
e meus excessivos vícios.
O que acho disso tudo
e o que ainda virei a achar.
Sou o que me limita.

Não sou poeta, não sou ódio
nem intolerância.
Não escrevo relevância
nem convicção.
Sou o que vivo.

Mas além de tudo, sou amor
Por cima dos paradoxos
Além do que sou e serei
Ainda anseio muito mais
E algumas vezes esqueço.

Mas além de tudo, sou amor
Amor por mim, pelo que descrevi
Por tudo aquilo que faz de mim "eu"
E em tudo que busco me vejo
Em tudo que erro desejo.

Mas além de tudo, sou amor
Amor demais, de menos
Tudo que não expressei
Todos que deixei passar.
A vergonha que reprimo.

Mas além de tudo, sou amor
Se não houver amor, não há,
Não há...
Não há!
Amor sem propósito, amor por amor.

Se não houvesse amor, não haveria
não viveria,
não poderia,
desistiria...
Se não houvesse amor, o inventaria!

Sou adjetivos, verbos, substantivos,
Descrevo o que posso, sou o que quero
Posso até ser apenas três versos.
Ou quatro.
Mas fico satisfeito em findar em cinco.

- Douglas William Machado.

Inspirado nos versos da composição "Metade" de Oswaldo Montenegro.