terça-feira, 18 de agosto de 2009

É notícia?

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Pergunto-me porque ainda lemos o jornal e as revistas, ligamos a televisão, acompanhamos o noticiário, discutimos os acontecimentos ou refletimos sobre o mundo se vemos sempre as mesmas coisas, nos frustramos com os mesmos desastres e lamentamos as mesmas vidas perdidas.

Sempre da mesma forma, no mesmo lugar e com a mesma maldita rotina. A velocidade cada vez maior da informação é a mesma velocidade com que a vida se desgasta no meio de toda essa desgraça, que não cansa de se repetir. Ansiamos por dores maiores, sensações mais constantes e vidas menos entediantes, o que demonstra como “ser” humano é fútil, como a existência é, de fato, vazia, e como a “salvação divina” é a maior piada de todos os tempos.

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Basta, vou me apegar ao conforto dos meus vícios, nesse modo de auto-destruição que adotei. O que resta é esquecer a procissão caótica que marcha lá fora. Fecho o jornal, desligo a televisão e paro com todos os lamentos, pros infernos com suas notícias e o seu lixo de informação.