sábado, 16 de março de 2024

ninguém e o mau

não acho que ninguém seja mau

também não acho que ninguém não seja (:)

um pouco de si, um pouco do outro,

um tanto de sorte, outro tanto de fé,

nóis tá é tudo meio perdido,

meio encontrado, 

no meio do caminho

na encruzilhada

de joelho a gargalhar

te olha de frente: escolhe teu caminho e anda

te encara profundo, olho bem aberto,

de onde tu veio, onde tu tá,

pra onde tu vai, parceiro, aí é contigo 

(um pouco da tua condição, outro pouco da tua vontade, muito do que faz teu sangue pulsar, tuas pernas falarem não, aqui não me deito, sigo caminhando, mesmo em meio aos meus conflito, mesmo sem pensar direito)

ainda que fudido, só te resta mirar, 

pra daí errar, depois acertar, aprender, parar de disfarçar:

a dor é inevitável, o sofrimento também.

não se apaixona por ele, não, mas deixa ele te ensinar,

não reprime o que veio pra te guiar

amor pelo teu destino,

amor fatiado por tanta dor

tanto recomeço, 

o bang é olhar pra trás só pra reconhecer que eu nunca esqueço

de onde eu vim, os tiro certo, as merda que fiz, tudo que eu mereço

não porque é meu mérito, mas porque é o que é, independente das lágrima tudo, de todo riso, de tudo que faz esse humano que pronuncia essas palavra gente

mais um

entre tantos

outro, 

mais um outro

amor pelo que te torna tu

ódio pelo que te impossibilita ser alguém

mais um

entre tantos: outro.

outra voz, outra ideia, outro ser, outro coração pulsante, mente cheia, nem sempre do que te agrada

mas sempre do que te rodeia.

Amor é aceitação, mais nada: ame!

Ódio é negação, mais nada: odeie!

cada um tem seu lugar.

luz e escuridão/

    começo, meio e fim de caminho/

Aprender a amar o tal do amor verdadeiro

num é fácil, irmão.

e ninguém aqui é santo,

vivendo nesse mundo eu me espanto só quando alguém muito apanha e não levanta pra revidar.

nesse mundo de espinho, até a planta aprendeu que só suavidade não basta.

pra existir é preciso sangue no olho, gente como a gente ao redor e um tanto de solidão pra tu num esquecer quem tu é, tuas origem e teu caminhar.

ninguém é mau não, 

mas nem todo mundo merece a tua mão.

só porque tudo é o que é,

feliz ou infelizmente

no fim a gente descobre.

agora o bang é andar e olhar pra frente. 

  

sábado, 4 de novembro de 2023

 sigo pensando

tudo vai embora

vou ficar aqui

só outra hora mais


se eu erro

se eu faço

se eu deixo

passar

como se nada fosse 


nada fosse tu


vou de embalo, de boa enquanto eu vê o atalho

atrás do olho as ideia retorcida 

gritando na minha cara que eu me distraio demais

lamento demais

mas só pra dentro

porque a vida ensinou a não lançar de mais

mão de mim


é o desgosto

com gosto de tudo 


pensar estraga







rasgado

 hoje não confio em você e em quase ninguém mais


tô sem palavras

negócio estranho esse de se perder das palavras. nesses últimos tempos me perdi das palavras. tinha me esquecido. e não tinha nada que pudesse fazer sobre isso. é aquela coisa da gente precisar passar pelo que precisa passar. se destruir todo 

 confiar em si mesmo. se perder de si e se encontrar no isolamento, na própria solidão. perigoso esse tal de isolamento nessa era de tanta gente escolhendo partir. ainda que isso seja pouca escolha. eu escolhi ficar por aqui, mas meio que não escolhi, sabe? mal eu sei. sei que os pensamentos se confundem com a prática. é preciso fazer algo depois de ter deixado de fazer tanto. tá tudo diferente do que um dia já foi, e sempre foi assim. nunca nada foi igual, nem vai ser igual. é hora de parar de se iludir, de achar que não tem apego. eu tenho apego, aos que amo, ao viver ao menos razoavelmente bem. a ver amor acontecendo ao redor e aqui dentro. que coisa é essa de se perder de si no outro. quem sou eu, douglas? quem a gente é? eu sou eu, ainda que me faça no outro, que relação estranha essa que deixa evidente que o mundo é muito mais que eu. se fosse só eu como seria? parte do meu inconsciente pede pela ideia. que fluxo de pensamento é esse. a desorganização tá grande, e, outro eu aceito a desorganização ou vou ficar ainda mais maluco. tô maluco até que de boa, mesmo com pontuais grandes merdas que continuam a acontecer, e que não deveriam, e que só escancaram a realidade como ela. a realidade desse lugar e desse tempo em que a gente vive. tô meramente percebendo como as coisas sempre foram destinadas a acontecer. por que eu tô aqui e os irmãos não? não sei. simplesmente não sei. sei que tô. e por aqui sigo. não troco a possibilidade dos encontros da vida pelo encontro com o que quer que seja que venha depois. depois a gente vê. não tenho pressa não. mas eu deveria estar aqui também por mim, não daquele jeito egoísta, mas enquanto existência plena do que eu nasci pra ser. esse é outro apego. apego à necessidade de propósito de si. a vida só quer ser vivida. vai vivendo. vai vendo. sobrevivendo, em meio ao caos de si e do outro. não é nem só eu, nem só o outro. é meio eu meio outro que se confundem no meio da rua, cada qual com sua própria solidão, andando desconectado. tanta gente e ninguém. 

parece que tudo que escrevo, que toda palavra que mentalizo tá carregada de extremos opostos. borderline syndrome some would say. é tipo isso, mas quem é borderline é o mundo. à beira de um colapso, talvez desde os primeiros dias. destinado ao caos e ao amor, a ironia dos opostos, ligados, conectados e desconectados ao mesmo tempo. vivendo pra si e pro outro. vou fazer da vida a minha nova mitologia, dentro de tudo que já fui, mas pra frente, pro presente.  


tô só desorganizado ou o que caralho

 lembra quando a vida era a espera de ver aqueles que deixavam a vida com cara de vida

não sei quando foi que as noite se tornaram uma espera por 

não ter mais palavras


quando foi que a vida passou?

terça-feira, 26 de setembro de 2023

setembro 23

 chegar ao ponto em que o fim é aceitável


>> voltar ao estado mental/espiritual de antes;

Aceitar a bosta e viver com a bosta?

decadência


decair depois de algum evento traumático e não poder voltar?


se esconder de si com distrações


se esconder de que?


esse esconder trava todo o resto e se formos longe demais não sabemos mais quem somos


program

repeat


o desejo de mudança dificulta viver o presente com o que ele tem 

talvez o segredo seja ir vivendo só e não querer mudar


fui tomar ayahuasca e não consigo dizer nem saber o que tô sentindo. tem sido assim com a maioria das coisas. tem sido difícil ser honesto comigo mesmo porque eu não sei o que tô sentindo. não sei se preciso viver com essa sensação. não sei nem o que é essa sensação. sei que tô fazendo parte do que preciso, ou tudo o que preciso.

sinto que nem tentando falar tudo de uma eu consigo não ter uma BARREIRA que analisa tudo que eu falo antes de eu falar, aí me perco nessa barreira, não sei mais por onde ela começa nem pra onde ela vai.

talvez eu só esteja tentando demais. tudo sempre foi talvez. nem quando eu era muito mais certo das minhas verdades elas deixavam de ser talvez. e não talvez na ação. talvez na consciência da limitação. talvez na certeza de que eu não saiba de nada 

fui tomar ayahuasca e pela primeira vez não percebi o que queria. talvez porque antes eu projetava o que eu queria com tanta força que isso se tornava a melhora que eu sentia. sinto algo diferente, mas saí de lá com um pouco de receio. receio de mim. receio. 

isso tudo que eu passei matou o que eu era. é bem menos divertido esse negócio de se refazer quando já se passaram quase 2 anos disso. eu tava perdido já antes, depois então nem sei. e os irmãozinhos não param de acabar com a própria vida. uns de uma vez. outros dia após dia. eu possivelmente nesse segundo grupo. o que que tá acontecendo. será que é só a vida se desenrolando mesmo. eu tinha muita expectativa no passado de que ia ficar tudo bem. passei muito tempo comendo narrativa de final feliz. cresci completamente despreparado pra queda. e aparentemente a queda sempre vem. a decadência é a regra. eu sei que dela vem a vida nova. o estranho é não conseguir se sentir vivo nessa nova vida. escrevo pra ver se eu me salvo. escrevo pra não morrer mais. escrevo pra achar as palavras de novo. eu me perdi demais muito forte. não sei onde ficaram e apesar de tudo estar aqui escrito e organizado não consigo sentir eu dentro disso aqui. eu consigo sentir, eu acho, e se eu não consigo há tanto tempo que só parece que isso tudo é o que sinto, o não sentir? sei lá. acho que eu quero saber. não sei faço mais tanta questão agora do que antes. as coisas mudam muito na vida, e a cabeça às vezes demora pra acompanhar a mudança. aceitar a vida se torna mais fastidioso (chutei a palavra, google, acertei na incerteza). segue essa linha vida. me deixa viver. não precisa ser como antes. talvez haja um desejo tão embrenhado em mim que eu não consiga ver.

o que causa a necessidade dessa barreira dentro de você, douglas? qual a razão dessa barreira existir?

enfadonho, pra disfarçar a falta de palavras. se eu tento olhar pra esse precipício, ele vira meus olhos pra longe, e eu me distraio sem querer me distrair. talvez eu tô fingindo faz tanto tempo que eu me perdi de mim. talvez pra existir em meio às pessoas eu tenha me perdido de mim. viver longe das pessoas me manda pra mais longe ainda de mim. talvez eu precise refazer minha relação com a solidão. talvez não precise de tanto. um pouco de mim, um pouco do outro. e quem eu sou nisso tudo?

turbilhão de palavras pretensiosas demais pra disfarçar a absoluta falta de ação do meu patético caminhar. coloco a culpa na super proteção em uma tentativa estúpida de explicar pra eu mesmo que eu não sei o que tô fazendo. tá em crise, né rapaz? que crise é essa se tá tudo bem? e tá tudo bem, ao mesmo tempo que não tá. não sei por causa de quê. presumo ser por tudo isso que aconteceu. noite quente de quinta-feira. palavras bambas na corda do meu ser. palavra bonita enfeita a mente da dor. 

tomei ayahuasca e me perdi das palavras aqui. parecia que ia ser bonito e acalentador. foi bonito, acalentou, mas tá tudo ainda aqui. fugiu de novo do assunto, ou tá tentando emendar as pontas. vai com calma, douglas, tamo se descobrindo gente, que não só ama, mas também sofre, caleja, acumula viver, e viver num é só flor. viver também é espinho. e espinho às vezes fura fundo, até fugir do assunto de novo com as palavras que você acha que o outro quer ouvir. tá se escondendo do que, menino? fingiu ser parceiro da morte pra disfarçar seu temor. pareceu tudo sempre tão tranquilo. talvez seja a morte do outro que espante. a absoluta solidão de existir sem mais quem ame. andar no meio dos vivos como um espírito que já partiu. teria eu me matado no lugar do meu mano? não vou saber. e talvez seja isso a morte, e o karma, viver as ações de antes, se perder de novo no assunto. "é tempo de renascer". vamo, caralho. já foi o tempo da incubação. olha o tamanho dessa impaciência. confia no processo, ainda que tudo desabe. fé na vida, hesitação pra escrever em deus, eu acho tudo muito estranho. eu acho tanta coisa que já me fudeu. inclusive essa incerteza escrota. 

essa bola dentro de mim, que eu não tenho conseguido transpassar, é a primeira vez na vida que sinto isso, sem surpresa. olha o que aconteceu. que coisa maluca. que fraquinha qualquer palavra pra dizer o que isso tudo tem sido. como caralhos aconteceu o que aconteceu. só quero viver. e viver é viver pra mim, com o outro, comigo mesmo, no outro, nessa alternância de ponto de vista. eu mesmo sou um tanto perigoso pra mim. não sei se sempre foi assim. sei que tenho um potencial gigante pra me causar dor. já nem sei. bla bla bla. dia após dia construindo a carcaça com a qual caminho. já sem tantos cortes de caminho, ou me engano de novo.